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Campos de Diamantes

  • Russel H. Conwell
  • 4 de mai. de 2017
  • 16 min de leitura

Muitos passam a vida procurando o sucesso quando normalmente ele está tão perto que podemos estender a mão e tocá-lo.

Russel H. Conwell.


Trecho extraído do livro: A Universidade do Sucesso, volume 1, Og Mandino.

Lição: 10.


A palestra que está a ponto de "ouvir" é um dos trechos clássicos de todos os tempos sobre material de sucesso. Russel H. Conwell apresentou Uma Fortuna a Seu Alcance pela primeira vez na reunião dos antigos companheiros da Guerra Civil e continuou a apresentá-la mais de cinco mil vezes para audiências fascinadas em todo o país, ganhando por seus esforços vários milhões de dólares, com os quais fundou a Universidade Temple.


Ninguém está melhor qualificado para apresentar o que se segue a não ser ele mesmo.


Está palestra tem sido feita nas seguintes circunstâncias: ao visitar uma cidade, grande ou pequena, procuro chegar cedo o suficiente para visitar a agência do correio, o barbeiro, o gerente do hotel, os diretores dos colégios, os padres de algumas igrejas e depois vou até algumas fábricas e lojas e falo com as pessoas, procuro ser simpático com o modo de viver da cidade e saber um pouco de sua história, que oportunidades tiveram e o que deixaram de fazer, pois toda cidade deixa de fazer alguma coisa, e depois faço a palestra e falo com aquelas pessoas a respeito dos assuntos que se aplicam à sua localidade.


A ideia: Campos de Diamantes, tem sido exatamente a mesma, ininterruptamente. A ideia é que em nosso país, todos têm oportunidade de dar o melhor de si mesmos em seu próprio meio, com sua própria habilidade, sua própria energia e com seus próprios amigos!


Há muitos anos, ao descer os rios Tigre e Eufrates com um grupo de viajantes ingleses, encontrava-me sob a direção de um velho guia árabe que contratamos em Bagdá, e, frequentemente, tenho pensado como o guia fazia lembrar nossos barbeiros em determinadas características mentais. Achava que não era só seu dever nos guiar por aqueles rios abaixo e fazer o que fora pago para fazer, mas também entreter-nos com histórias curiosas e misteriosas, antigas e modernas, estranhas e familiares. Muitas já esqueci e alegro-me por isso, porém há uma que jamais esquecerei.


O velho guia conduzia meu camelo pelo cabresto ao longo das margens daqueles rios antigos e contava história após história, até que fiquei cansado de suas narrativas e deixei de ouvir. Não fiquei irritado com o guia quando ele se zangou por eu ter deixado de ouvi-lo. Mas lembro que ele tirou o chapéu turco e o ficou girando no ar para chamar minha atenção. Podia ver aquilo com o canto do olho, mas estava determinado a não olhá-lo diretamente, receando que começasse outra história. Por fim olhei e, tão logo o fiz, ele deu início a outra história.

Disse ele:

"Agora vou lhe contar uma história que reservo para os meus amigos particulares". Quando enfatizou as palavras "amigos particulares", acabei ouvindo e sempre fico contente por isso. Na verdade, sinto-me devotadamente grato que 1.674 rapazes tenham concluído a faculdade ajudados por esta palestra e que também estejam contentes por eu ter ouvido a história. O velho guia me contou que certa vez ali viveu, não longe do Rio Indo, um velho persa chamado Ali Hafed. Contou que Ali Hafed era proprietário de uma fazenda muito grande, com pomares, searas e jardins; que tinha dinheiro a juros, era um homem muito rico e feliz. Era feliz por ser muito rico e muito rico por ser feliz. Certo dia, o velho fazendeiro recebeu a visita de um daqueles velhos monges budistas, um dos homens sábios do Oriente. Sentou-se ao lado do fogo e contou ao velho fazendeiro como este nosso mundo foi feito. Disse que antes esse mundo era apenas uma barreira de nevoeiro e que o Todo-Poderoso enfiou o dedo naquela barreira de nevoeiro e começou a movê-la lentamente em círculo, aumentando a velocidade até que Ele transformou aquele redemoinho numa sólida bola de fogo. Então, a bola foi rolando pelo universo, queimando outras barreiras de nevoeiro em sua trajetória, condensando a umidade do lado de fora, até essa umidade cair em chuvas abundantes sobre sua superfície quente, esfriando a crosta externa. Aí os fogos internos irromperam para fora da crosta e lançaram as montanhas, as colinas, os vales, as planícies e as pradarias deste nosso mundo maravilhoso. Se essa massa interna liquefeita lançava-se para fora e esfriava muito rapidamente, transformava-se em granito; menos rapidamente, em cobre; menos ainda, em prata; menos rápido, em ouro e, depois do ouro, vieram os diamantes.


O velho monge disse: "O diamante é um pingo do sol congelado". Agora é literal e cientificamente verdadeiro que um diamante é um autêntico depósito de carbono do sol. O velho monge disse a Ali Hafed que se ele tivesse um diamante do tamanho do polegar, poderia comprar um município e se tivesse uma mina de diamantes, poderia colocar seus filhos em vários tronos, devido a influência de sua grande riqueza.


Ali Hafed ouviu tudo sobre diamantes, o quanto eram valiosos, e foi dormir naquela noite como um homem pobre. Não havia perdido nada, mas estava pobre porque sentia-se infeliz e infeliz por achar que era pobre. Disse "quero uma mina de diamantes" e não dormiu a noite toda.


Logo cedo pela manhã, procurou o monge. Sei, por experiência, que um sacerdote fica mal-humorado se o acordam cedo pela manhã e quando Ali tirou o monge de seus sonhos, disse-lhe:

- Pode-me dizer onde posso encontrar diamantes?

- Diamantes! O que quer com diamantes?

- Ora, quero ser imensamente rico.

- Bem, então vá em frente e procure-os. É só o que precisa fazer; vá e procure-os e depois os terá.

- Mas não sei aonde ir.

- Bem, se encontrar um rio que corre através de areias brancas entre altas montanhas, naquelas areias brancas sempre encontrará diamantes.

- Não acredito que haja um rio desses.

- Oh, sim, há muitos rios iguais a esse. Tudo o que tem a fazer é procurá-los e depois os terá.

Ali Hafed retrucou:

- Então irei.


Assim, ele vendeu a fazenda, recebeu o dinheiro, deixou a família aos cuidados de um vizinho e partiu em busca de diamantes. Começou a procurar, a meu ver muito apropriadamente, nas Montanhas da Lua. Depois percorreu a Palestina, perambulou pela Europa e, por fim, quando já havia gasto todo o dinheiro, estava em farrapos, desventurado e pobre, viu-se de pé na praia da baía de Barcelona, na Espanha, quando uma grande onda provocada pela maré veio rolando entre as Colunas de Hércules e o pobre homem, aflito, sofredor e agonizante, não pode resistir à tentação terrível de lançar-se à corrente que chegava e afundou sob a crista espumante, jamais voltando para esta vida.


Quando o velho guia acabou de contar aquela história horrivelmente triste, parou o camelo em que eu estava e foi para trás, a fim de ajeitar a bagagem que escorregava do outro camelo. Aí tive a oportunidade de refletir na história durante sua ausência. Lembro-me que disse a mim mesmo: "Por que será que ele reserva essa história para os seus amigos particulares?" Parecia não ter começo, meio ou fim, nada. Era a primeira história que já ouvira na minha vida e seria a primeira a ler, na qual o herói morre no primeiro capítulo. Eu tinha apenas um capítulo da história e o herói estava morto.


Quando o guia voltou e apanhou o cabresto do meu camelo, foi direto à continuação da história, ao segundo capítulo, como se não tivesse havido intervalo. Certo dia, o homem que comprara a fazenda de Ali Hafed conduziu o camelo para o interior do jardim para beber água e, assim que o animal colocou o focinho na água pouco profunda do riacho do jardim, o sucessor de Ali Hafed notou um estranho brilho vindo das areias brancas do córrego. Retirou uma pedra preta que tinha um olho de luz e que refletia todas as cores do arco-íris. Levou a pedra para dentro de casa e colocou-a sobre o consolo da lareira, esquecendo tudo aquilo.


Alguns dias mais tarde, o mesmo velho monge foi visitar o sucessor de Ali Hafed e, no momento em que ele abriu a porta da sala de estar, viu a luz cintilante sobre o consolo da lareira e precipitou-se em sua direção, exclamando:

- Isto é um diamante! Ali Hafed já voltou?

- Oh, não. Ali Hafed não voltou ainda e isto não é diamante. Não passa de uma pedra que encontramos bem aqui em nosso jardim.

- Mas, disse o monge, digo-lhe que reconheço um diamante quando o vejo. Sei que é um diamante, com toda a certeza.

Então, juntos, saíram apressadamente em direção ao jardim e revolveram as areias brancas com as mãos e, calculem! Surgiram outras gemas mais bonitas e valiosas que a primeira.

- Assim, disse-me o guia, e isto é historicamente verdadeiro, foi descoberta a mina de diamantes de Golconda, a mina de diamantes mais esplêndida de toda a história da humanidade, superando a própria Kimberly. O diamante Kohinoor e o Orloff, das jóias das coroas da Inglaterra e da Rússia, os maiores do mundo, vieram dessa mina.


Quando aquele velho guia árabe acabou de contar o segundo capítulo da história, retirou o chapéu turco e girou-o no ar de novo, a fim de chamar minha atenção para a moral da história. Esses guias árabes têm sempre uma moral para suas histórias, embora nem sempre eles sejam morais. Enquanto rodopiava o barrete disse:

- Se Ali Hafed tivesse ficado em casa e cavado o próprio porão, ou debaixo do próprio trigal ou no próprio jardim, em vez de passar miséria e fome, suicidando-se em terra estrangeira, teria conseguido "campos de diamantes".


Pois cada parte daquela velha fazenda, isso mesmo, cada pedaço de terra, produziu posteriormente gemas que desde então passaram a enfeitar as coroas de monarcas.


Quando o guia acrescentou a moral à história, compreendi porque a reservava para "os amigos particulares". Mas não lhe disse que tinha entendido. Era o modo do velho árabe velhaco falar as coisas com rodeios, como os advogados. Falava indiretamente o que não ousava dizer diretamente, que "em sua opinião particular havia um certo rapaz viajando pelo Rio Tigre e que faria melhor se ficasse em casa na América". Não lhe disse que estava entendendo, mas disse-lhe que sua história fazia-me lembrar de outra e contei-lhe rapidamente e acho que vou repeti-la agora.


Contei-lhe que, em 1847, vivia na Califórnia um homem que possuía um rancho. Esse homem ouviu dizer que haviam descoberto ouro no sul da Califórnia e, assim, apaixonado pelo ouro, vendeu o rancho ao Coronel Sutter e partiu para nunca mais voltar. O Coronel Sutter colocou um engenho no riacho que atravessava o rancho e, certo dia, sua filhinha trouxe um pouco de areia úmida do canal adutor para dentro de casa e fez a areia escorrer entre os dedos diante do fogo; um visitante viu na areia que caía as primeiras escamas cintilantes do autêntico ouro que jamais foi descoberto em outro lugar da Califórnia. O homem que havia possuído o rancho queria ouro e ele podia tê-lo obtido simplesmente apanhando-o. Na verdade, já foram retirados desde então 38 milhões de dólares só de pouquíssimos hectares. Cerca de oito anos atrás, fiz esta palestra numa cidade situada na antiga fazenda e me disseram que o proprietário de 1/3 daquelas terras vem recebendo há muitos e muitos anos 120 dólares em ouro de 15 em 15 minutos, noite e dia, e sem pagar impostos. Tanto vocês como eu gostaríamos de uma renda dessas, se não tivéssemos de pagar imposto de renda.


Mas, na verdade, uma ilustração melhor do que essa ocorreu aqui, na nossa própria Pensilvânia. Uma das coisas que mais aprecio quando estou num tablado é ter uma audiência alemã da Pensilvânia à minha frente e contar-lhe o fato, como acontecerá esta noite. Na Pensilvânia, viva um homem parecido com tantos conterrâneos que conhecem que possuía uma fazenda e fez com a fazenda exatamente o que eu faria com uma fazenda se tivesse uma na Pensilvânia, vendeu-a. Mas antes de vendê-la, decidiu garantir um emprego na extração do petróleo com um primo estabelecido no Canadá, onde pela primeira vez descobriram petróleo neste continente. Naqueles primeiros tempos, extraíam petróleo dos riachos velozes. Portanto, o fazendeiro da Pensilvânia escreveu para o primo pedindo emprego. Estão vendo, amigos, este fazendeiro não era tolo de todo. Não, não era mesmo. Não deixou sua fazenda antes que tivesse algo mais para fazer. De todos os simplórios do mundo não conheço pior do que aquele que abandona um emprego antes que tenha arranjado outro. Aqui há uma referência especial à minha profissão e nenhuma referência, seja qual for, a um homem querendo divórcio. Quando ele escreveu ao primo pedindo emprego, o primo respondeu: "Não posso contratá-lo porque você não sabe nada a respeito do negócio do petróleo".


Bem, então o velho fazendeiro disse: "Saberei". E com o zelo mais louvável (característico dos alunos da Universidade Temple) deu início ao estudo do assunto. Começou remontando ao segundo dia da criação de Deus, quando este mundo era coberto por uma rica vegetação, extremamente abundante, uma vez que voltava aos leitos primitivos do carvão. Estudou o assunto até descobrir que, na verdade, os escoamentos daqueles ricos leitos de carvão forneciam o petróleo que valia a pena extrair e depois descobriu como ele brotava por meio de mecanismos ativos. Estudou até conhecer a aparência, o cheiro, qual o gosto e como refiná-lo. Então, disse ao primo numa carta: "Entendo do negócio de petróleo". O primo respondeu: "Muito bem, venha".


Portanto, ele vendeu a fazenda, de acordo como documentação do município, por 833 dólares redondos ("sem centavos"). Mal havia partido quando o novo proprietário precisou providenciar um bebedouro para o gado. Descobriu que anos antes o proprietário anterior tinha colocado uma prancha sobre o riacho atrás do celeiro, apenas a alguns centímetros da superfície da água. O objetivo daquela prancha naquele ângulo agudo sobre o riacho era para lançar para a outra margem um refugo de aparência horrível, no qual o gado não colocava o focinho. Mas com aquela prancha ali para lançar todo o refugo para o outro lado, o gado bebia embaixo e, assim, o homem que fora para o Canadá tinha represado durante 23 anos um fluxo de petróleo que os geólogos da Pensilvânia nos declararam que 10 anos depois valia mesmo então 100 milhões de dólares para o nosso estado. E quatro anos depois nossos geólogos declararam que a descoberta valia para o nosso estado um bilhão de dólares. O homem que possuía aquele território no qual está situada a cidade de Titusville e os vales de Pleasontville estudou o assunto na íntegra desde o segundo dia da criação de Deus até o presente momento. Aprendeu tudo a respeito, entretanto se diz que ele vendeu a propriedade por 833 dólares redondos e fazendo uma bobagem.


Ao vir aqui esta noite e olhar a audiência, vejo outra vez o que tenho visto continuamente nestes últimos 50 anos, homens que cometem exatamente o mesmo engano. Muitas vezes gostaria de poder ver o pessoal mais jovem e que a Academia estivesse repleta esta noite com os nossos estudiosos do curso secundário e os do primário, com quem eu pudesse conversar. Embora preferisse uma audiência dessas porque são mais sensíveis, uma vez que não cresceram em meio aos preconceitos como nós, não possuem nenhum hábito que não possam romper, não conhecem o fracasso como nós; embora eu pudesse talvez fazer um bem maior para uma audiência dessas do que posso fazer para uma de adultos, ainda assim farei o melhor possível com o material que tenho. Digo a vocês que possuem "campos de diamantes" em Filadélfia, bem no lugar onde moram hoje. "Ora", vocês dirão, "não pode saber muito a respeito de sua cidade se acha que há algum 'campo de diamantes' aqui".


Interessava-me muito aquela reportagem jornalística a respeito do rapaz que achou um diamante na Carolina do Norte. Era um dos mais puros diamantes já descobertos e com vários predecessores na localidade vizinha. Procurei um famoso professor de mineralogia e perguntei-lhe qual a sua opinião quanto à possível origem daqueles diamantes. O professor abriu o mapa das formações geológicas do nosso continente e delineou-o. Então respondeu que, ou o diamante passou pelas camadas carboníferas básicas adaptadas para essa produção, do Oeste para Ohio e o Mississippi, ou, mais provavelmente, que do Leste tenha atravessado a Virgínia, subindo a costa do Oceano Atlântico. Na realidade, os diamantes estavam lá, pois foram encontrados e vendidos; e que foram transferidos de lá durante o período de mudança, de alguma localidade no Norte. Então, quem pode dizer, a não ser alguém da Filadélfia, que desça na terra com uma perfuratriz e ache algum vestígio da mina de diamantes ainda aqui? Oh, amigos! Não podem dizer que não estão sobre uma das maiores minas de diamantes do mundo, pois um diamante daqueles só se origina nas minas mais lucrativas do mundo.


Mas isso apenas serve para ilustrar minha ideia, que enfatizo ao dizer que se vocês não têm mesmo as autênticas minas de diamantes, literalmente vocês têm tudo o que elas poderiam lhes oferecer de bom. Porque, de qualquer modo, agora que a rainha da Inglaterra fez o maior cumprimento jamais conferido a uma mulher americana pelo seu traje quando compareceu sem nenhuma jóia a uma recepção recente na Inglaterra, foi quase abolido o uso total de diamantes. A quantidade que poderiam desejar seria o pouco que usariam se desejassem ser modestos, e o resto venderiam para obterem dinheiro.


Pois bem, repito que a oportunidade de enriquecer, de alcançar grande riqueza, está aqui em Filadélfia agora, ao alcance de quase todos os homens e mulheres que me ouvem esta noite, e sou sincero no que digo. Não vim a esta plataforma com o propósito de declamar alguma coisa para vocês. Vim para lhes dizer e, Deus é testemunha, o que acredito ser verdade e se os anos que vivi foram de algum valor para mim na obtenção do senso comum, sei que estou certo; que os homens e as mulheres aqui presentes, aqueles que talvez tenham achado difícil comprar uma entrada para esta palestra ou dispender tempo para vir esta noite, têm ao seu alcance "campos de diamantes", oportunidades de enriquecerem completamente. Nunca houve um lugar na terra mais apropriado do que a cidade de Filadélfia hoje e jamais na história do mundo um homem pobre, sem capital, teve oportunidade de enriquecer rápida e honestamente como agora em nossa cidade. Digo que isto é verdade, e quero que aceitem como tal; Pois se acham que vim apenas para declamar alguma coisa, então teria sido melhor se eu não tivesse vindo.


Mas vocês irão dizer: "Não se pode fazer nada disso. Não se pode começar sem capital". Meu caro, deixe-me esclarecê-lo por um momento. Preciso fazer isso. É meu dever para com todos os homens e mulheres, porque vamos nos estabelecer muito em breve no mesmo plano. Meu caro, lembre-se de uma coisa: se sabe o que as pessoas precisam, então tem mais conhecimento de uma fortuna do que qualquer capital poderia lhe dar.


Em Hingham, Massachusetts, vivia um homem pobre e que estava desempregado. Ficava ociosamente em casa até que certo dia a mulher lhe disse que saísse e fosse trabalhar e, como ele era de Massachusetts, obedeceu. Saiu e ficou sentado na praia da baía, desbastando uma ripa encharcada até transformá-la numa corrente de madeira. Naquela noite, seus filhos brigaram por ela e ele desbastou outra ripa para manter a paz. Enquanto desbastava a segunda ripa, aproximou-se um vizinho e disse:

- Por que não faz brinquedos de madeira e os vende? Poderia fazer dinheiro com isso.

- Oh!

- respondeu ele.

- Não saberia o que fazer.

- Por que não pergunta aos seus filhos, bem aqui em sua casa, o que fazer?

- Qual a utilidade dessa tentativa?

- perguntou o carpinteiro.

- Meus filhos são diferentes dos filhos dos outros. (Eu costumava ver pessoas assim quando lecionava).

Mas agiu de acordo com a sugestão e, na manhã seguinte quando Mary desceu as escadas, perguntou:

- Que brinquedo gostaria de ter?


Mary começou dizendo que gostaria de uma cama de boneca, uma pia de boneca, um carrinho de boneca, um guada-chuvinha de boneca e continuou com uma lista de coisas que o pai levaria a vida toda para fornecer. Assim, consultando os próprios filhos, em sua própria casa, usando a lenha da lareira, pois não tinha dinheiro para comprar madeira adequada, esculpiu aqueles brinquedos fortes e sem pintura, os brinquedos Hingham, que por muitos anos tornaram-se famosos no mundo todo. Aquele homem começou fazendo brinquedos para os próprios filhos; depois fez cópias e vendeu-os por todas as lojas de calçado da vizinhança. Começou a ganhar um pouco de dinheiro e depois um pouco mais, e o Sr. Lawson diz na Frenzied Finance que ele é o homem mais rico do velho Massachusetts, e acho que é. E que o homem vale 100 milhões de dólares hoje, o que fez em apenas 34 anos sob aquele princípio, que se deve julgar que se os próprios filhos gostam, os filhos dos outros também gostam; para julgar o coração humano por si mesmo, pelo da mulher, ou pelos corações dos filhos. É a estrada principal para o sucesso na manufatura. Mas talvez diga: "Oh, será que ele não tinha nenhum capital?" Tinha, um canivete, mas não sei se havia pago por ele.


Também falei assim para uma assistência em New Britain, Conecticut, e uma mulher da quarta fila foi para casa e começou a retirar a blusa, mas o botão da gola estava muito apertado na casa. Ela colocou a blusa de lado e disse:

- Vou arrumar coisa melhor do que isso para colocar nas golas.

O marido replicou:

- Depois do que Conwell falou esta noite, você acha que há necessidade de um fecho de colarinho melhor, que seja mais fácil de lidar. É uma necessidade humana; há uma grande fortuna aí. Ora, então, invente um botão de colarinho e enriqueça.

- Caçoou dela e, consequentemente, caçoou de mim.


E essa é uma das coisas mais tristes que se abate sobre mim como uma nuvem densa e escura que às vezes aparece, embora tenha trabalhado tanto por mais de meio século, contudo, como tenho feito pouco mesmo. Não obstante a grandeza e a magnanimidade da cortesia de todos esta noite, realmente não acredito que haja um em dez que vai fazer um milhão de dólares só porque está aqui esta noite; mas a culpa não é minha, é sua. Digo isto com sinceridade. Qual a utilidade do meu discurso se as pessoas não fazem o que aconselho? Quando o marido ridicularizou a mulher, ela decidiu que iria fazer um botão de colarinho melhor e quando uma pessoa decide que "vai fazer" e não fala nada sobre o assunto, ela faz. Foi aquela mulher da Nova Inglaterra que inventou o colchete de pressão que se encontra em toda parte agora. Foi o primeiro botão de colarinho com uma peça ligada a outra por pressão. Qualquer um que use impermeáveis modernos conhece o botão que simplesmente se fecha por pressão e para desabotoar basta separá-los com força. Esse é o botão a que me refiro, o que ela inventou. A seguir ela inventou vários outros e, depois, investiu mais, entrando em sociedade com grandes fábricas. Agora, em todos os verões essa mulher faz viagens ao estrangeiro em seu iate particular, isso mesmo; e leva o marido com ela! Se o marido morresse, lhe restaria dinheiro suficiente para comprar um duque ou um conde estrangeiro ou algum título semelhante dentro das últimas cotações.


Qual a minha lição nesse caso? É esta: eu disse a ela na ocasião, embora não a conhecesse, o que agora digo a vocês: "Sua riqueza está bem ao seu lado. Está olhando diretamente para ela"; e tinha de olhar diretamente porque estava bem debaixo do queixo.


Quem são os grandes inventores do mundo? Novamente esta lição surge diante de nós. O grande inventor está ao seu lado ou é você mesmo. Mas alguém vai dizer: "Ora, nunca inventei nada na vida". Nem os grandes inventores, até que descobriram um grande segredo. Acredita ser um homem com uma cabeça do tamanho de um alqueire ou um homem como uma explosão de um relâmpago? Nem um nem outro. O autêntico grande homem é simples, sincero, comum, criterioso. Nem sonharia que fosse um grande inventor se não visse algo que tivesse feito mesmo. Seus vizinhos não o consideram tão grande. Não se vê nada de grande sobre a cerca do quintal. Dizem que não há grandeza entre os vizinhos. Está longe, em algum lugar qualquer. A grandeza deles é sempre tão simples, tão insignificante, tão séria, tão prática que os vizinhos e amigos jamais a reconhecem.


A grandeza não consiste em ocupar algum cargo futuro, mas consiste no fato em fazer grandes façanhas com poucos meios e realizar grandes propósitos nas escalas particulares da vida. Para ser absolutamente grande é preciso ser grande aqui, agora, em Filadélfia. Aquele que pode dar a esta cidade ruas melhores, calçamento melhor, melhores colégios e mais faculdades, mais felicidade e mais civilização, mais Deus, será grande em qualquer lugar. Deixe que cada homem ou mulher aqui, caso não possa me ouvir de novo, lembre-se disto, que se desejar ser grande mesmo, comece onde está e o que você é, em Filadélfia, agora. Aquele que pode dar à sua cidade qualquer bênção, aquele que pode ser um bom cidadão enquanto viver aqui, aquele que pode fazer melhores casas, aquele que pode ser uma bênção se trabalhar numa loja ou ficar atrás de um balcão ou cuidar da casa, qualquer que seja sua vida, aquele que pode ser grande em qualquer lugar, deve primeiro ser grande na sua própria Filadélfia.

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Produzido com Maestria por Carlos Augusto Sanchez Mata em 2023.

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